sexta-feira, 24 de junho de 2005

No Momento

I

Eu não sou isto,
Este reflexo de mim propria.
A sombria mão sobre o pescoço,
Asfixia o lamento e
Transforma todo o corpo em mágoa...

Eu não sou esta lágrima
Que não escorre sobre a pele e
Permanece vaga no olhar que já não me pertence.
A chama estilhaçada pelo vento,
ausente sobre a vela fria.

Em que tempo adormeci?

Regressei para me acordar envelhecida e
Palida, de encontro ao espelho inexistente,
Na visão larga dos meus olhos exteriores
A este nevoeiro...
O reflexo incerto em que não me reflicto

Quem sou neste momento?

Eu não sou este reflexo
Do que sou...
O grito estridente
Deste cansaço.
Deste fracasso, que inaudivel
Me fica na garganta...


II

Calo o que sou.
Olho o refexo na esperança...
Vã, vaga esperança,
De enganar com ele
Isto que sou,
Mais falho ainda,
De maior engano.

Quebrei o espelho, inexistente,
Que ocultava a mentira.
Fragmentei-o,
Dilui-o no sangue dos dedos,
Misturei isto que era
Com o reflexo do que devia ser...
Cubri-o com a minha pele
E dele pouco ficou -
Um rastro...

Eu já não sou o reflexo
Dos anos penhorados
Apenas a nausea verdadeira e legitimas
Destes anos gastos...

by Ar 24 de Junho, 05

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