segunda-feira, 28 de março de 2005

Adeus

Sobre tudo os olhos vagueiam
Incertos, existência de onda quebrando na areia,
Mãos de gesto vagos, desfeitos no ar.
Sobre tudo esta atenção lenta e desatenta...
Despeço-me...

Uma despedida longa, eterna...

Sempre me despeço neste adeus que não digo
Não faço
Despeço-me a cada momento
Presente, passado, futuro
Despeço-me de todos os intantes que passam
Sem me dar sequer conta de que eles vão passando.

De onde este adeus mais velho que eu?

Sobre as flores e o mar e o vento.
Adeus atomos que ferram a existência.
Adeus aos cobres e às espirais de fumo.
Minha alma despede-se sem que a possa impedir
Ou perceber, incompreensivel.

E quando a noite longa me toma o corpo
Imobiliza o pensamento
Não sei sequer de que se despede este meu ser,
Quando todos os momentos se igualam.
Esta areia que escapa por entre os dedos abertos,
Esta forma doida de permanecer despedindo-me
Dizendo adeus com o olhar
Sempre pela ultima vez.
Do que me despeço não sei
Apenas o olhar e a dor
Apenas a ausência e o frio...

No entanto, teimo!
Despeço-me...
Sempre!

by Ar, 26 de Março, 05

Sem comentários: