Este tempo são os minutos durando horas
São segundos que não passam
São pequenas imortalidades em que acabo.
Tempo de impotencia...
Não poder roubar-te a dor na calada da noite
Como um corsário de vento.
Arrebatá-la ao meu coração
Onde doeria menos que esta brutalidade de a ver espelhada no teu.
Deixa-me silênciosa...
Não te peço a lua nem amor,
Não persigo as tuas mãos em instantes voláteis,
Não te peço a saliva entre os corpos,
Nem mesmo, tão só,
A presença da alma.
Permite apenas que te beba a dor...
Secar nos lábios feridos as feridas dos teus labios
Pontos indestintos, onde
O quebrar de asas,
Angulo agudo, esta ausencia de voo, onde
O esgaçar dos olhos,
Afina-se meticuloso, na gravidade, onde
Por entre tanto sangue...
Deixo o meu sangue escorrer
Faço grande o peito
Minhas mãos amanhecem enormes.
Umgrito na garganta,
Ave pairando na brisa...
Vem! Faz-te forte! E dá-me a tua dor!
E então tu...
O teu olhar, sorriso ausente
As tuas mãos, corpo em suave quebrar.
Tu, que tanto já deste...
Recusas-me a tua dor.
Abanas a alma, como se fosse cabeça,
E no aceno rápido desse adeus que não fazes,
Os teus dedos são as vielas que percorri
Inutil, caminhar a incompreensão,
Vagabundear de alma e espirito,
Caminhos lamacentos de viscoso musgo.
Vejo-te a ausência...
És o vulto sombrio nas costas da minha sombra.
Anoiteço sem amanhecer, vendo como sabes partir,
Rompo com a aurora percebendo que não virás...
E como virias...? Nem dor sabes dar...
E nesse risco que a lua traça
No momento brando em que o teu olhar é quase meu
Percebo o quanto o gelo quiema de calor calado.
Tu serás forte, porque forte te imaginas
Fazendo das forças poucas Força,
Eu ficarei na noite.
Apenas sei fazer Força das minhas fraquezas...
by Ar, 20 de Março, 05
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