sexta-feira, 1 de abril de 2005

Relógio na Sala

O relógio adormecido na sala
Desperta neste vagaroso lamento.
É o tempo cadênciado
Batido no silencio vazio.
Badaladas escoadas
Que me cobrem, imovel
Perduro...

Este tempo não é meu, não me pertence
O meu tempo não passa, não escoa
Aspira apenas...
A quê?
Tão pouco e nem eu sei.

Vive breve na madrugada
De companhia ao cantar do galo.
Tempo lerdo e moroso
Sem ponteiros a acusar
Sem circulos infinitos e claustrofobicos
Nem mostrador, retendo-o em fria redoma...

Tempo mecanico, este que vai batendo sincronizado...
Com o quê?
Morais alheias, odios ancestrais
Tanta coisa externa e interna.
Por isso o meu tempo é disperso
E ao amanhecer recolhe a uma inexistência
(O galo tranquilo debaixo do sol)
Recusando submeter-se aos circulos infindaveis.

Meu é o tempo que é apenas
Oragãnica, sistema biologico,
Encantamento de estar viva.
Não!
Não me deiem por tempo os vossos relógios
Essa mecanica do concreto
Tão má de tragar.

Querem esse tempo?
O sincronismo execravel de estar vivo a horas?
Pois tomem!
Dou-vos o meu.
O que queriam meu!

O tempo dispersa-se
Por entre a neblina
É apenas um olhar, um adeus...
Ergo a mão direita...

Adeus tempo...

by Ar, 24 de Março, 05

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