segunda-feira, 13 de junho de 2005

Não Agarro a Tua Mão...

Tens a certeza que consegues segurar a minha mão quando me atirar do precipicio e não abrir as asas, apenas para não voar?

O teu sorriso quente deixou-me. Esta queda é continua e continuamente insuportável.
Os teus ouvidos não têm audição para as palavras que sou.

E caio. Vou continuar a cair.
Mas um rebentamento ameaça já, em estrondo, uma explosão, em violência.

Há tanto tempo que os meus pés não sentem um solo seguro. Não notaste, como existem tantos tremores de terra emocionais!?

A minha alma não quer ser vitima, nem carrasco...
Mas encontro-a sempre, ora uma ora outra coisa.

Por isso, perdoa...
Se estenderes a mão e eu não a agarrar.
Perdoa se sentir os teus dedos calidos como lâminas e já não me quiser cortar mais. Perdoa se isto não for aquilo que prometi ou inventei ou menti...
Perdoa quando esquecer que havia uma vida em mim, que queria ser vivida. E quando a esquecer e ignorar e surpreender todos com a realidade da minha morte fisica.

Por vezes há sonhos simples; vidas simples. Por vezes há desejos simples que movem. Mas eu nunca os tive.
Eu não tive nada.
Nenhum ideal a perseguir, nem um amor a guardar.

A vitima e o carrasco devoram-se, deglutem-se mutuamente. Amam-se e odiam-se.
Sorriem de longe.
Quando lhes digo adeus, permanecem imoveis de panico no olhar. Eles vencem mas eu termino a guerra.

Escapo à tua mão. Adeus...
Dizer adeus é aniquilá-los...


by Ar, 5 de Maio, de 2003

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